Hoje acordei meio pensativa e achando que o meu problema é o maior do mundo. Chego ao hospital, para perícia do remédio. Enquanto esperava, o médico me atender, fui caminhar pelo corredor, que tinha do lado da sala do médico, com várias portas e janelas. Uma dessas janelas me chamou atenção: O olhar de um rapaz lindo, deveria ter uns 18 anos e estava com a coloração da pele estranha, meio anêmico, mas nem por isso diminuiu a beleza dele. O sorriso que ele me deu era tão alegre, tão fugitivo, tão esperançoso. Fiquei distraída a olhar para ele, e pensei: "Meu Deus que garoto alto astral!", e nem me dei conta que uma das enfermeiras que eu conheço acabara de sair do quarto. Perguntei a ela o que se sucedia com aquele rapaz. "Guilherme tem câncer há um bom tempo, hoje mesmo acordou com muita dor, estava aplicando metotrexato nele para ver se aliviava um pouco. E o interessante disso tudo é que ele, toda vez que tem essas crises, nunca se abala, sempre rindo e falando sobre meninas. Ele tem um desejo de quando melhorar fazer trabalhos voluntários, não só com os doentes físicos, mas também os da alma. Quer entrar para conhecê-lo?!". Eu sorri enrubescida e acenei com a cabeça dizendo que sim. Entrando no quarto, Guilherme logo sorriu para mim e perguntou qual era o meu nome, nos apresentamos, e ele logo apertou minha mão e beijou-a. Mostrei para ele meus origamis, um em forma de tsuru, e outro em forma de borboleta. Tsuru para os japoneses significa graças, e borboleta, liberdade - duas coisas que nós dois queríamos muito naquele momento. Ficamos ali alguns minutos perguntando coisas que duas pessoas quando se conhecem perguntam: "Onde estuda?!", "Tem quantos anos?!", "Mora onde?!" e "O que você tem?". Depois desse questionário todo ele se virou para mim e disse: "Olha Lai (tava bem intimo já, rsrs) aproveita a vida , não se estressa com coisas bestas, leve a vida mais leve, não se preocupe tanto, sorria toda vez que a vida for difícil, e lembre-se que você possui a dor e não a dor te possui. Digo por experiência própria, tava perdendo tempo e energia com coisas banais ao invés de VIVER mais livre sem irritação. Nessa hora, minha mãe bateu na porta e me avisou que o doutor estava me chamando. Despedi-me dele e lhe agradeci pelos conselhos, ele, por sua vez, agradeceu pelos origamis e disse que iria guardá-los. Fiquei a consulta toda pensativa e, quando saí do hospital, percebi que cheguei lá achando que o meu problema era o maior, e fui embora percebendo que não tenho problemas em comparação com as pessoas que estavam naquele corredor. Elas estavam apenas esperando o dia de voltar para casa, para passar os seus últimos dias com suas respectivas famílias.
Tem pessoas que passam pela minha vida, que deixam marcas que nunca sairão e nem quero que saiam. E essas pessoas se chamam anjos que vêm para nos alertar, nos ajudar e nos alegrar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário